28 de jan. de 2008

- Emprestar-te-ia a alma

Emprestar-te-ia o céu espelhado em mim
E as ondas do mar do meu cabelo
Esse cheiro a rosas de que tanto gostas
E a alma, se precisasses dela.
Mas sou quem grita fundo para te ter
E as palavras saem mudas,
E ali
Dispersas
No tempo
Nos encontramos. Eu e tu,
E o céu e o mar,
E dá-se o beijo entre o horizonte e o luar,
Porque no fundo?
Vim a este mundo, para te amar.

CS
SHINING*

24 de jan. de 2008

-Não quebres o meu Silêncio...



Sinto, não sei o quê nem porquê
Sinto. Neste ir e vir de dúvidas.
Perguntas-me.
Ouves as palavras que queres ouvir,
Ou não.
Mas que a muito custo conseguiram ser encontradas.
Só que o sentido que lhes dei perde-se.
Antes de poderem juntar o teu coração ao meu.
E no espaço forma-se o desejo patente de nos amarmos.
E de não deixarmos que esta prisão psicológica
Desmorone juntamente com... o tudo que julgamos existir.
De olhos embargados te peço:
Entra, invade, controla, comanda.
Mas, por favor...
Não quebres o meu silêncio.

C.S.
SHINING*

16 de jan. de 2008

- o mar que me rebatava o ser

Escrevo aquilo em que acredito,
aquilo que desejo, aquilo sem sentido -
parto sem dor,
o teu simples beijo,
a utopia do perfeito,
do amor,
do homem que fez sem ter feito.

e não passo de uma alma com saudade,
uma alma ansiosa por sanidade, mas chamo
áquilo que acontece
quando o tempo se encontra no tempo,
quando o espaço se perde no espaço
de verdadeira liberdade que amo.

e apenas restam vestígios da impureza,
apenas vestígios de Saudade
de quando eras tu apenas mar, mar, apenas mar,
apenas uma onda que me rebatava o ser,
apenas uma onda que me vestia e me envolvia,
que tinha nascido para me amar.

ah! esta percepção imediata que nasci pra te pertencer...

C.S.


SHINING*

10 de jan. de 2008

- Mentir

É meu todo o tormento
É minha toda essa angústia
Não levada pelo vento
Num tempo
Que existe mas não o quer.
A vida é esse tormento é
Essa angústia é
O que não está aqui ao pé.
É ser o que não é, sendo.
É só isso:
Mentir mais para ser mais.

C.S.
SHINING*

8 de jan. de 2008

- Liberdade


'A verdade é que temos medo de ser livres, medo de gritar onde quer que seja sem ser reprimido, medo de gostar por não saber quem está do outro lado, medo de correr, pular, enfim medo de ser eu.

Esse é o problema, subjugados nesta sociedade que reprime qualquer acto menos normal ou mais ousado que nos julga sem saber quem somos, nós fechamo-nos e temos medo de ser um EU livre. '


Por 'jotas' num comentário ao post anterior neste blog.


A verdade é esta mesmo - somos julgados sem ninguém nos conhecer verdadeiramente; falam da nossa vida sem ninguém ter sequer nada a ver com o assunto; reprimem o que é diferente, e é por isso que somos todos iguais uns aos outros! A sociedade reprime o homem e estraga-o totalmente. Queremos gritar, mas a voz fica muda e transforma-se em silêncio. Um silêncio cheio de clichês, cheio de 'valores' e 'princípios', cheio do que dizem que devemos ser, o que não devemos fazer, o que está certo, o que está errado, imposições, regras! É esse silêncio que torna as pessoas falsas, faz delas serem o que não são...
Realmente, deveríamos saber ser mais livres... eu deveria saber ser mais livre...


SHINING*

4 de jan. de 2008

- Amar as coisas apenas porque elas existem.

Lê estas palavras.
Não as entendas. Guarda-as.
Elas mordem-me como se me pedissem
Que apenas as escrevesse
Sem tentar rimar – há por acaso duas flores iguais no mundo?
Não.
E é preciso ler, e ler muito, e não achar nenhum sentido.
É preciso odiar.
E é preciso chorar com lágrimas de quem realmente ama:
Sem nenhum motivo.
É preciso olhar para as coisas e simplesmente amá-las,
Porque simplesmente elas existem.
*
Ama o tudo apenas porque o tudo é algo que é:
Ainda que não saibas bem o que é.
Ama o nada apenas porque o nada existe:
Ainda que penses que não.
Sente o vazio, o quanto ele te aperta
Porque ele está lá:
Ainda que sintas que nada há no vazio – pois então se nada há no vazio, então há tudo,
Há algo: há o silêncio.
Escuta-o!
Ama as coisas apenas por existirem.
*
Esta loucura faz bem, ajuda a respirar a liberdade.
sabe bem imaginar árvores cor-de-rosa
e bailarinas de tutu a jogar futebol
faz bem fazer male faz mal fazer bem

faz bem olhar para ti e achar que até me amas
pedir-te um beijo em pleno pranto
faz bem ser louco e livre
e verdadeiro, essencial, perfeito
faz bem não tentar perceber porquê
perceber apenas que as coisas são
porque são e existem: e é tudo.
é mais do que eu sei dizer.
*
C.S. (3 poemas sobre o mesmo assunto)
SHINING*

2 de jan. de 2008

- Finge.

Finge.
Finge que nasces, para fingires que existes.
Finge que cresces e aprendes.
Finge que estudas para um dia puderes dizer a fingir que estudaste.
Finge saberes para te deixarem fingir ser alguém.
Finge parecer, finge até ser. Mas não te esqueças de fingir,
Nem finjas que te esqueces que estás a fingir.
Finge sentir e escrever palavras que um dia vão ser lidas por pessoas que fingirão entendê-las.
Finge a vida, finge o próprio fingimento.
Finge que as palavras fecundam as ideias
Tal como a água do mar fecunda a areia da praia.
Finge seres poeta – finge quereres ser.
Mas, por favor: finge.
Porque eu continuarei a fingir
Que escrevo muitos poemas.
Que os escrevo antes das teses.
Continuarei a fingir
Que escrevo muitas teses,
E que as escrevo antes dos poemas.
Finjo que não falo à toa e finjo tanto
Que chego a ouvir uma voz que constantemente me pergunta:
‘porque fizeste este poema?’
E eu respondo:
Porque posso andar pelas ruas, anónima,
Sem ninguém saber.
Mas finjo acreditar que eles conhecem esta lenda, e
Que tudo não passa de um lindo Poema.

C.S., 15-11-2007
SHINING*