28 de jun. de 2009

' Uma Janela Aberta - Poema de Amor.

Dormir junto do teu peito
Com o bater do teu coração
É dormir no paraíso.

Duvidas?
Então chega-te aqui.
Mais perto. Assim, pronto.
Deixa-me sussurar-te ao ouvido
Tudo o que realmente sinto
Deixa-me dizer-te que esse tudo
Passa por me sentir a unica pessoa no mundo
Que tem a sorte de te amar.
Que és o único que me consegue despir
De preconceitos, tabus, medos,
Preocupações
E que por momentos eu me sinto verdadeiramente
Verdadeira e única
Inigualável, e importante.
E orgulhosa por poder dizer que
Ninguém pode dizer que
Alguém sente o mesmo.

Por instantes nada mais importa,
E a minha vida apenas serve para pertencer-te.
Por momentos somos um só, e somos mais que o Mundo inteiro.
Por momentos, nós – e com tanta beleza, essa imaculada beleza que as coisas têm apenas por existirem.

Mas a minha divagação perdeu-se algures entre
Sussurar-te ao ouvido que ficaria assim para sempre
E as palavras deixarem-se guiar pelo prazer desse assim.

Então só me resta acabar ao dizer,
Que estas palavras?
Não são nada, absoluta e certamente nada,
Quando a imensidão do teu olhar me envolve.

CS

24 de jun. de 2009

' Uma Janela Aberta - Poema I.

Escrevo aquilo em que acredito,
aquilo que desejo, aquilo sem sentido -
parto sem dor,
o teu simples beijo,
a utopia do perfeito,
do amor,
do homem que fez sem ter feito.

e não passo de uma alma com saudade,
uma alma ansiosa por sanidade, mas chamo
áquilo que acontece
quando o tempo se encontra no tempo,
quando o espaço se perde no espaço
de verdadeira liberdade que amo.

e apenas restam vestígios da impureza,
apenas vestígios de Saudade
de quando eras tu apenas mar, mar, apenas mar,
apenas uma onda que me rebatava o ser,
apenas uma onda que me vestia e me envolvia,
que tinha nascido para me amar.

ah! esta percepção imediata que nasci pra te pertencer...

CS

18 de jun. de 2009

' Uma Janela Aberta - Não sou Poetisa.

Apenas vivo em poesia, sem a escrever.
Vivo em silêncio num mundo gritante.
E vivo num choro
Sem derramar uma só lágrima.
Respiro liberdade
Num mundo tão cheio de regras.
Vivo para as sensações,
Quando todos procuram explicações,
Análises! Entendimento nauseante...
Ah! Que lógica entediante.
Que sono de não entender,
Que fome e sede de apenas ser...
Existir e ser e nada, e nada mas
E tudo ser.

Isto sim, é poesia.

Mas finjo. Finjo
E sempre fingi.
Qual teatro, qual encenação
Absorvida por sonhos, interpretada
Sem nunca o dever ser.

Mas sou banal. Sou banal
E sempre fui...
...banalmente importante.

Então fui, e sempre fui.
E fui, e importei, e finji,
E esqueci: e nunca ninguém soube.
E se soubessem, o que saberiam?

Talvez tudo e nada,
Talvez o soubessem saber
Talvez o devessem saber?
E talvez soubessem
Perceber que o mistério
Das coisas é precisamente e tão somente:
Percebê-las, analisá-las, explicá-las.

Amar? Não, nunca.
Amar com sentido, nunca.
O único mistério é não
(apenas) amar,
É não amar com sentimento,
Amar com sentido.

Ah, sensações...

CS

14 de jun. de 2009

' Uma Janela Aberta - Vida II.

Não fales comigo sobre a vida.
Não me digas o que pensas saber
O que todos pensam saber
E o que todos querem saber.
(saber, o q é saber?)
Não fales comigo sobre o que está
Certo e errado
O que é correcto e reprovável
O deus que existe e nos vê
Que tudo pode e todos castiga.
Não fales comigo sobre sentimentos.
Não me digas que
tenho de me resignar à realidade
De que estes são meras reacções químicas
Do nosso cérebro,
Se é que este existe,
E se realidade existe de facto.
Não, não fales comigo
Sobre a razão de ser dos seres, e do ser
E do nada
E do tudo
E do que se pensa saber
E daqueles que pensam saber
O que apenas querem entender.
Não me fales em filosofia
Nem em matemática
Nem em todos os saberes construídos pela humanidade
Não me digas, por favor, que tenho de me cingir
A esta pobreza de espírito dos homens
Que é quererem saber tudo
Até aquilo que não se pode saber.
Não me digas que tenho que me cingir
E tenho que falar contigo
Sobre algo que acontece, ou que pensamos que acontece
Porque o vemos. Porque pensamos que o vivemos.
Não, por favor, não me lembres
Que vivemos n’algo que se chama realidade
Que temos regras e normas orientadoras
Em que tudo tenta e pode ser explicado
Em que até os sentimentos podem ser cientificamente provados.
Não me lembres, por favor, que até se eu tentar escrever algo
que tenta explicar o porquê de me sentir tão só no meio de tanta gente
igual a mim
seja apenas pelo motivo de mais tarde vir a ser analisado
um texto, um poema
palavras que deviam ser lidas e guardadas
e nunca entendidas.
Nunca.
Por isso não fales comigo sobre a vida.
Amanhã acordarei de novo e me rendirei de novo
À pobreza de espírito que criou aparências e corrompeu mentes
Como a minha, a tua, a deles.
Amanhã acordarei de novo e te direi:
Não fales comigo sobre a Vida, porque eu tenho de me cingir a ela.


CS

11 de jun. de 2009

' Uma Janela Aberta - Mar.

Mar, mar, apenas mar,
Que terra banhas?
Que céu espelhas,
Com que ondas danças...
Mar, mar, apenas mar,
Que glória essa, que coragem
Que sem nunca se ter, se tem,
Que sem nunca ninguém saber,
Tu sabes
Que te vestes das minhas ânsias
Do meu sabor, do meu cheiro.

CS

8 de jun. de 2009

' Uma Janela Aberta - Flor Vermelha.

Foi a flor que deixaste cair
A lágrima que me deixaste chorar.
Foi o adeus que me fizeste ouvir
E a promessa que me fizeste quebrar.
Foi a nossa casa que outrora ergueste
Na Primavera da lembrança.
Foi o nosso abrigo que destruiste
Dexando apenas o Inverno como esperança!...
Então eras tu que te desprendias
Com a vontade de querer
Era eu que me esvaía
Em lágrimas por te perder
Éramos nós, apenas nós, presos nos nós da paixão
E partiste.
Partiste.
Partiste.
Então eu te digo
Como tua eterna amante
Nada deitámos por terra
Neste mundo de nós tão distante.
Nada no meio dos beijos apaixonados
E dos abraços calorosos
Nada do sabor do que restou
Esse sabor eterno.
Uma flor vermelha no branco do Inverno.

CS

4 de jun. de 2009

' Uma Janela Aberta - prefácio.

Estou a escrever um livro chamado Uma Janela Aberta. Eis um possível Prefácio:


Prefácio

Este livro é sobre amor. É sobre mim. É sobre o meu ego. É sobre identidade. É sobre dor. É sobre angústia. É sobre revolta. É sobre alegria. É sobre romantismo. É sobre sorrisos. É sobre lágrimas. É sobre dilema. É sobre inocência. É sobre inconsciência. Sobre (in)existência. Sobre ser. E sobre não ser.

É sobre efemeridade. É sobre o tempo. É sobre quando começa, e quando acaba, o tempo. Sobre o espaço. É sobre onde começa, e onde acaba, o espaço. É sobre o aqui, e o agora.

É sobre estar à chuva. É sobre tentar encontrar um lugar ao sol. É sobre estar na sombra. É sobre escuridão. É sobre querer brilhar. É sobre perfeição. É sobre Deus. Sobre o Meu Deus. É sobre anonimato. É sobre reconhecimento. É sobre ser igual: é sobre frustração. É sobre ser diferente: é sobre mentira. É sobre ser único, porque é único. É sobre a multiplicidade. É sobre fingimento.

Sobre a realidade. Sobre o sonho. Sobre a ilusão. É sobre superficialidade. É sobre profundidade. Sobre espiritualidade. É sobre o karma. Sobre a lei da atracção. Sobre o espírito. Sobre a alma. Sobre a minha alma. Sobre a nossa alma. Sobre o universo. Sobre libertação e sobre liberdade. É sobre o absurdo. Sobre o tudo e sobre o nada.

Este livro é sobre árvores. É sobre o céu. É sobre as nuvens. É sobre a lua. É sobre sol. É sobre praia. É sobre flores. É sobre jardins. É sobre refúgios. É sobre mar. É sobre vento. É sobre rosas. É sobre muros. É sobre paredes.

Este livro é sobre olhos. Sobre bocas. Sobre sons. Sobre sabores. Sobre texturas. É sobre o corpo. Sobre as sensações. É sobre sexo. É sobre música. É sobre o silêncio. Sobre arte. É sobre prosa. É sobre poesia.

Este livro é sobre crianças. É sobre bebés. Sobre homens. Sobre mulheres. Sobre rapazes. Sobre raparigas. Sobre meninos. Sobre meninas. Sobre idosos, sobre idosas. É sobre todo o ser humano em toda a sua forma e tempo de vida. É sobre a família. Sobre mães, pais, tios, tias, irmãos, irmãs. É sobre os amigos e as amigas. Sobre os namorados e as namoradas. É sobre ti, sobre nós. Para ti e para nós. É sobre personalidade. É sobre gente real, para gente real. É sobre a vida real.

É sobre conceitos: sobre o conteito de bom, e sobre o conceito de mau. Sobre o conceito de certo, e sobre o conceito de errado. É sobre o lógico: é sobre o entender, o analisar, o perceber, o racionalizar e o explicar. É sobre o irracional: é sobre a mente.

Este livro é sobre simplicidade, porque é simples: é sobre a vida, e sobre a morte. É sobre nós. E para nós.

CS