24 de set. de 2008

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O eco do fundo dos teus olhos
Refunde-me para as sombras do jardim
Que é o teu corpo.

E absorta fujo, escondo-me,
Porque te tenho, porque me tens,
Porque sou eternamente tua.

Mas algures no meio do fulgor
Do teu abraço
Surge um navio prestes a naufragar.
No jardim do teu corpo,
Navega em mar verde,
O navio prestes a naufragar.

Algures no meio de todo este fogo
Que arde num delírio delirante
Surge a minha âncora,
De ferro forte, feio, esquecido
De onde encontra meu porto seguro.

Oh, se o abandono soubesse
Onde encontrar essa estrada
Que me leva...

Se essa voz soubesse
Onde cantar minha tristeza...

Então saberia onde se encontra o princípio do fim
Encontra-se em ti e em mim,
E no barco que te naufraga,
Nas sombras que nos refundem,
No vento frio que se faz sentir
Nesse teu jardim, ao fim da tarde,
Na poeira de um entardecer já antigo...

Sim, o eco do fundo dos teus olhos
Refunde-me para as sombras do jardim
Que é o teu corpo.
E, sós, amamo-nos, como se jamais
Amanhã houvesse.

CS, 08-09-08