28 de jul. de 2009

' Uma Janela Aberta - Ondas (prosa poética III)

Já não tolero o tolerável nem suporto o suportável,vou fechar-me no casulo do que queria que tudo fosse mas que não é, do que queria que estivesse definido mas não está, no que queria que fosse um pouco menos forte, um pouco menos traição, um pouco mais verdadeiro, um pouco mais compreensível. Já não percebo o perceptível nem oiço o audível, não sinto o sensível porque talvez seja demasiado sensível pra mim. Não o admito, não quero admitir. Não quero saber, não o quero viver. Falsas manobras é o que em tudo consiste, esse tudo que nos gabamos que temos ou que queremos ter e procuramos. Falsas palavras é o que enche o vazio este espaço enormemente pequeno, e as pessoas, essas oh, mudam e voam com o tempo. É uma constante vadiagem, um andar não se sabe onde, uma bagagem esquecida ou infelizmente trazida. São palavras que fingem ser sentidas, um coração que finge chorar quando já tudo é gelo, quando tudo há muito esfriou. Ondas ondas, veem, vão, arrebatam, molham, enchem, esvaziam, destroem, limpam. Ondas, são ondas, são elas. E nós somos duas meras gotas desse oceano que nenhuma Onda jamais irá juntar.

CS

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