24 de jul. de 2009

' Uma Janela Aberta - E Foi (prosa poética II)

Foram tantas as noites que nos amámos, que nadámos um no outro. Que no dia seguinte acordavamos ofuscados pela luz leve e límpida que nos despertava da escuridão da ilusão em que vivíamos: e afinal não eramos já nada um ao outro. Caminhavamos em direcções tão diferentes que nos encontrámos fugaz e inevitavelmente. Foram tantos os segundos, os minutos, os instantes, momentos que partilhamos, que já nada tinhamos em comum nem a partilhar. Foi tanto o amor, o ódio,a paixão,o desejo... que já nada tínhamos a amar nem odiar nem desejar juntos. Fomos o refúgio tão seguro de todos os nossos receios que nos tornámos no medo um do outro. Fomos tão amigos que nos tornámos inimigos. Fomos tão fiéis e tão leais. E no fim fomos tão cobardes. Quanto mais nos tínhamos menos pertenciamos um ao outro, e já nada de nós fazia parte, e tudo de nós fugia.

E foi tudo tão intenso, e foi tudo tão tudo, tão tão, que no fim apenas sobraram esses pedaços perdidos no tempo e espalhados na intensidade do nada que no fim nos rodeava. No fundo não passamos de meros pedaços de desejo que a paixão jamais irá juntar.

CS

1 comentários:

Jo disse...

UAAAAUUU!!!! Eu nunca tinha visto este blog... ando a perder o tempo todo a cuscar a tua vida, em vez de ler estas coisas maravilhosas. Bah es mesmo boa! Queres escrever um livro em conjunto comigo? :P