28 de ago. de 2009

Em cada esquina
Dobra um sino lembrando-me
Que me perdi
E que já me encontrei de novo.
Que morri e que nasci de novo,
Afinal a vida está presente até na morte.
Mas nesta existencia absurda
E absorta. E infinitamente
Finita, humana, complexa, simples.
Anónima e Renascida,
Será sempre apenas e nada mais que
uma vela, num meio de um mar de velas.
Um pequeno ser abandonado por ter que ser apenas
Somente aquilo que nasceu pra ser.. Nada.

Porque serão sempre cópias de alguéns
Em sítios repetidos
Iguais a tantos outros algures
Nas ruas sujas e imundas
Da banal existencia.
E caminham passivas e impávidas,
Massas de
Personalidades
Nomes, ilusões,
Paixões,
E rostos cansados.
Cansa-os ser. Absurdamente
Existir.
Ter maneiras absurdamente diferentes
De igual ser, de igual sentir.

E continuo porém a ser sempre mais uma alma
Presa num corpo despido.
Parte de mim quer fugir, partir
Apenas por não querer ficar.
Parte de mim quer naufragar.

E dói-me tanto naufragar-me.

CS, 14-03-2009

1 comentários:

Anônimo disse...

Será sempre apenas e nada mais que
uma vela, num meio de um mar de velas.
Um pequeno ser abandonado por ter que ser apenas
Somente aquilo que nasceu pra ser.. Nada.

E continuo porém a ser sempre mais uma alma
Presa num corpo despido.
Parte de mim quer fugir, partir
Apenas por não querer ficar.
Parte de mim quer naufragar.

E dói-me tanto naufragar-me.
__

Ha um sabor bastante amargo nestas tuas palavras, uma insatisfacao, um desconforto, uma inquietude qualquer...

Ha tambem uma serie de premissas ou assuncoes que expressas e que poderias iluminar um pouco. O que quero dizer com isto é que tens uma serie de ideias erradas sobre quem tu és - e é precisamente isso que esta a criar o desassossego, o sofrimento.

Toda a confusao surge de um so problema: nao sabermos quem somos. Claro que ninguem se preocupa com isso quando a vida corre bem e nos sorri. O Buda estaria completamente a lixar-se para a busca espiritual se nao tivesse reparado no sofrimento que parece permear a vida.

A solucao esta apenas num sitio: nas tuas maos. A questao é se realmente ja tiveste insatisfacao ou desconforto suficientes para procurares uma resposta, ou se ainda te estas a divertir com os altos e baixos da vida. A maioria das pessoas irrita-se com as respostas que a vida lhes da, mas nunca pensam em fazer perguntas diferentes. Que perguntas estas tu a fazer?
__

Obrigado pelo teu comment no Aqui-Agora. O teu poema esta bastante bom, nao esta nenhuma porcaria. Nao sejas toto!=P

Beijao grande daqui de longe*