14 de dez. de 2010

[Untitled]


Caio, mas o céu fica cada vez mais perto.
Sinto-me esperto, mas a minha mente me consome
Já não sinto o corpo
É tortura ser torturado pela tortuosa tortura da mente
É redundante…
Não obstante,
Nenhuma tortura sinto
Mas ela existe, como finjo que ela existe!
Virtuosa realidade que persiste
Dolorosa verdade constante,
Ou a mentira deliciosamente
Absurda
Em que vivo e sobrevivo
Tropeço nela quando acordo, convivo com ela quando sonho
Sempre algo produto de representações,
Decisões e emoções
Num ambiente ilusório, risonho,
Medonho, assustador,
Entro em pânico,
Caio em mim, caio na realidade,
A ilusão desvanece-se.
No entanto, apercebo-me do quão dubitável,
Do quão incómodo é, a existência da própria realidade
Que me assusta, talvez… mas a consciência mata-me de novo
Outra vez…
Assim, caio, final e fatalmente
Caio na inevitabilidade que sempre evitei.
Caio, mas o céu fica cada vez mais perto.

Cláudia Silva & Daniel Freire

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