28 de abr. de 2009

' Vaidade.

Sonho que sou a poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!

Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!

Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a Terra anda curvada!

E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho... E não sou nada!...


Florbela Espanca
(o poema que eu queria que tivesse sido escrito por mim, por dizer exactamente aquilo que sinto).

1 comentários:

Sara S. disse...

Essa senhora tem uma bela forma de se expressar.
Mas discordo quanto ao facto de não ser alguém. Nas nossas imperfeições, acabamos por ter alguma importância neste mundo, senão, porque estaríamos aqui? Temos sonhos, objectivos e desejos. Podemos até nem ser os melhores, os mais perfeitos e sublimes no que queríamos, mas isso não impede que haja alguma valorização no nosso próprio trabalho, da nossa própria vida. Somos algo sim. Eu penso que sim. Bjs