amo onde a estrada começa
paupérrimo, percorro a vida à espera de esmola.
os transeuntes passam como se de um simples obstáculo me tratasse.
sou ninguém, desespero por não o fazer, morro por viver: o que estupidamente tem lógica, mas nem sempre começo por perceber...
a ausência de ter vontade para ir, avançar, apenas por não querer ficar.
preguiço, o sangue evapora-se sozinho apenas porque quer fugir. desaparecer.
assim se cria uma neblina bem encarnada, de forma crua, ao som silencioso do crepúsculo.
os cães ladram e a caravana passa, como uma corrupção mental e metafórica como se não houvesse instinto banal
só porque sim.
é então que fria e seca a brisa da ausência de instinto torna o ar mais rarefeito e duro de respirar.
como um cavalo de tróia por executar a função suja e porca de uma rasteira cruel,
porque pode fazê-lo.
e morre, assim, na praia, traiçoeiro e solitário, o cavalo de tróia que habitava minh'alma vazia e impassível de vir vez alguma a ser preenchida.
Daniel Freire
22-02-2010
Aula de Percepção, Atenção e Memória.