Lê estas palavras.
Não as entendas. Guarda-as.
Elas mordem-me como se me pedissem
Que apenas as escrevesse
Sem tentar rimar – há por acaso duas flores iguais no mundo?
Não.
E é preciso ler, e ler muito, e não achar nenhum sentido.
É preciso odiar.
E é preciso chorar com lágrimas de quem realmente ama:
Sem nenhum motivo.
É preciso olhar para as coisas e simplesmente amá-las,
Porque simplesmente elas existem.
*
Ama o tudo apenas porque o tudo é algo que é:
Ainda que não saibas bem o que é.
Ama o nada apenas porque o nada existe:
Ainda que penses que não.
Sente o vazio, o quanto ele te aperta
Porque ele está lá:
Ainda que sintas que nada há no vazio – pois então se nada há no vazio, então há tudo,
Há algo: há o silêncio.
Escuta-o!
Ama as coisas apenas por existirem.
*
Esta loucura faz bem, ajuda a respirar a liberdade.
sabe bem imaginar árvores cor-de-rosa
e bailarinas de tutu a jogar futebol
faz bem fazer male faz mal fazer bem
faz bem olhar para ti e achar que até me amas
pedir-te um beijo em pleno pranto
faz bem ser louco e livre
e verdadeiro, essencial, perfeito
faz bem não tentar perceber porquê
perceber apenas que as coisas são
porque são e existem: e é tudo.
é mais do que eu sei dizer.
*
C.S. (3 poemas sobre o mesmo assunto)
SHINING*