20 de mai. de 2007

-Os Maias

(Carlos Eduardo da Maia e Maria Eduarda - o primeiro beijo)

Tudo começa no primeiro capítulo, quando se descreve a casa – “O Ramalhete”- Lisboa, mas que nada tem de fresco ou de campestre. O nome vem-lhe de um painel de azulejos com um ramo de girassóis, colocado onde deveria estar a pedra de armas.
Afonso da Maia casou-se com Maria Eduarda Runa e do seu casamento resultou apenas um filho - Pedro da Maia. Pedro da Maia, que teve um educação tipicamente romântica, era muito ligado à mãe e após a sua morte ficou inconsolável, tendo só recuperado quando conheceu uma mulher chamada Maria Monforte, com quem casou, apesar de Afonso não concordar. Deste casamento resultaram dois filhos: Carlos Eduardo e Maria Eduarda. Algum tempo depois, Maria Monforte apaixona-se por Tancredo (um italiano que Pedro fere acidentalemente e acolhe em sua casa) e foge com ele para Itália, levando consigo a filha, Maria Eduarda. Quando sabe disto, Pedro, destroçado, vai com Carlos para casa de Afonso, onde comete suicídio. Carlos fica na casa do avô, onde é educado à inglesa (tal como Afonso gostaria que Pedro tivesse sido criado).
Passam-se alguns anos e Carlos torna-se médico - abre um consultório. Mais tarde conhece uma mulher no Hotel Central num jantar organizado por Ega (seu amigo de infância) em homenagem a Cohen. Essa mulher vem mais tarde saber chamar-se Maria Eduarda. Os dois apaixonam-se. Carlos crê que a sua irmã morreu. Maria Eduarda crê que apenas teve uma irmãzinha que morreu em Londres. Os dois namoram em segredo. Carlos acaba depois por descobrir que Maria lhe mentiu sobre o seu passado (que não é casada) – podiam ter-se zangado definitivamente. Porém, acabam por fazer as pazes e manter a relação incestuosa (*) involuntária. Guimarães vai falar com João de Ega, e dá-lhe uma caixa que diz ser para Carlos ou para a sua irmã Maria Eduarda. Aí Ega descobre tudo, conta a Vilaça (procurador da família Maia) e este acaba por contar a Carlos o incesto (*) involuntário que anda a cometer. Carlos, mesmo sabendo que a mulher que ama é sua irmã, não deixa de a desejar, uma vez que não basta que lhe digam que ela é sua irmã para que ele como tal a considere. Afonso, seu avô, morre de desgosto. Com isto, Maria parte para Paris e Carlos realiza uma viagem pelo Mundo com o seu amigo Ega.

(Pedro da Maia e Maria Monforte, pais de Carlos Eduardo e Maria Eduarda, na lua-de-mel)

(*) - Incesto - relações sexuais entre pessoas da mesma família

Um 'calhamaço' de 716 páginas, e um sacrifício enorme para começar a lê-lo..... só de olhar para ele... dava-me logo a preguiça... as loooongas descrições do Eça de Queiroz, pequenos detalhes que pareciam não ter importância... mas lá me vi 'obrigada' a lê-lo... a 1ª página, a 2ª, a 3ª... o 1º capítulo e até ao capítulo 4 ou 5... a partir daí ficou mesmo mesmo mesmo entusiasmante... foram horas e horas a ler, aulas e aulas (sim, nas aulas q eram mais seca..LOL)... tempos livres e tempos livres... mas aquelas descrições... descrições do espaço e do tempo, das pessoas (tentar imaginar como as coisas eram no séc. XIX, as críticas sociais que o autor faz, as personagens, as intrigas, os presságios, o Romantismo! A autêntica novela que este Romance é... (aliás, a Globo fez uma novela - vídeos). Simplesmente L.I.N.D.O. 716 páginas Apaixonantes e prontas para serem lidas de novo... e de novo... e de novo =D

Há tanto, tanto para dizer sobre este Romance... mas apenas deixo aqui a minha viva recomendação... não se vão arrepender ! ;)

Os Maias - Eça de Queiroz

Simplesmente um dos melhores livros de SEMPRE.

LC@

17 de mai. de 2007

-Adeus.

Adeus

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
E o que nos ficou não chega para afastar o frio de quatro paredes. Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
Gastámos as mão à força de as apertarmos,
Gastámos o relógio e as pedras das esquinas em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas: quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes! e eu acreditava. Acreditava, porque ao teu lado todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos, no tempo em que o teu corpo era um aquário, no tempo em que os meus olhos eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos. É pouco, mas é verdade, uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
Já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
Tenho a certeza de que todas as coisas estremeciam só de murmurar o teu nome no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.

Eugénio de Andrade ( Aquele Grande Poeta...=P )

Eis O Poema (sim, O Poema, não apenas Um Poema) que, juntamente com uns que uma amiga minha escrevia também, mas especialmente este, me impulsionou para a Poesia. Posso não ter grande jeito,mas quando faço algum lembro-me sempre deste e baseio-me nele. É simplesmente o Poema mais Lindo que já li até hoje, sei-o de cor de tanto o ler... =') Love Love Love !! =D

E claro que não podia deixar de o pôr aqui....=D

LC@

14 de mai. de 2007

-E então, que restou?...

... e assim um ponto nos separa. Um ponto em frente ao horizonte onde em tempos nos encontrámos, nesta encruzilhada louca da vida, neste jogo sem regras, apenas as que nos impõem. E então fomos contra essas mesmas regras e então fomos aquilo a que têm a mania de chamar ‘felizes’. Por instantes encontrámos aquilo que tão incessantemente procuram, a chamada e tão aclamada ‘Felicidade’, que de ser tão esperada cansou-se e foi ao encontro deles, mas eles não deram por nada. E então começou, e então acabou. Mas então recomeçou e voltou a acabar. Porque então éramos crianças e não tínhamos medo de arriscar, de mergulhar – porque, então? Ainda não teríamos sofrido aquelas mazelas, ainda não teríamos o que temer. Porque então não deixámos que o Horizonte fosse o nosso limite, fomos até ele e mais além. E percorremos os horizontes de todos os Mundos, o que existe e os q dizem existir. E ainda aqueles que não existem. E então, que restou?

Meros pegadas na areia.

Mas então o Horizonte continuou lá... apenas deixaste que ele se tornasse no nosso limite.
Então aquele mar mansamente bravo continuou a beijar a areia, sem cessar, e essa, também ela, continuou a receber os beijos do mar. Esses sim, serão dois eternos amantes. Aquele fim de tarde parou no tempo.

E então?...

LC@

P.S. - denvaneios de uma cabeça que vai ganhando o sentido aos poucos, depois de ter passado dois dias e uma tarde praticamente a dormir eeheh =P